Superligados na TV

As crianças e os adolescentes brasileiros são provavelmente os que mais vêem televisão no mundo. Por outro lado, são os que menos lêem livros. Os que moram em grandes cidades quase não brincam. E a quase totalidade deles ignora a prática de esportes coletivos e o uso do computador.

Essa gangorra é o retrato de uma pesquisa inédita feita pelo instituto Ipsos em dez países (entre eles Estados Unidos, Reino Unido e China). Foram entrevistados 5.500 pais e responsáveis por crianças e adolescentes de 2 a 17 anos. A pergunta: o que seus filhos fazem todos os dias?

No Brasil, 57% dos 500 entrevistados responderam que seus filhos assistem a TV durante pelo menos três horas por dia e 31%, de uma a duas horas. Só 5% falaram que seus filhos não vêem TV.

Os dados são mais conservadores que os do Ibope. Segundo o instituto, os telespectadores de 4 a 17 anos passaram em setembro, em média, quatro horas e 25 minutos por dia com a TV ligada.

Em contraponto à televisão, 43% dos pais brasileiros ouvidos disseram que seus filhos não ocupam nada de seu tempo lendo livros ou brincando com os amigos; 79% disseram que seus herdeiros não praticam esportes coletivos; 69% afirmaram que eles não usam computadores.

"O resultado é preocupante. Quando há mais TV do que leitura, há um empobrecimento do país. Não brincar também é perigoso. A criança que não brinca não conversa, fica isolada", diz Ana Bock, presidente eleita do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e professora da PUC-SP.

Para Beth Carmona, presidente da TVE (emissora educativa do Rio de Janeiro), há um fator que faz toda a diferença na análise desses dados. "O tempo que as crianças passam nas escolas nos Estados Unidos e na Europa é de até sete horas por dia. Aqui, não passam mais do que quatro horas. Logo, os brasileiros ficam mais tempo em casa do que na escola, provavelmente vendo televisão", afirma Carmona, que também coordena a ONG Midiativa.

O fato de a pesquisa da Ipsos ter sido feita no Brasil apenas em centros urbanos (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre), de acordo com Beth Carmona, explica a alta incidência de crianças que não brincam com amigos. Por trás disso, estaria o medo da violência nas ruas.

Carmona responsabiliza parcialmente a política educacional brasileira por esse panorama de muita televisão e pouca leitura e brincadeira. Mas não isenta a televisão. "A TV pode levar a criança a conclusões distorcidas. A TV mostra uma rua mais perigosa do que ela é, e isso gera medo, neurose, violência. A influência da televisão no Brasil é muito séria. Nossas crianças são mais desinformadas. Na Europa, há uma tradição de TV pública com programação para criança mais elaborada."

Para Rodrigo Toni, diretor-geral do Ipsos no Brasil, a pesquisa não permite afirmar que a TV afasta a criança dos livros e das brincadeiras. "Há muita televisão, mas o que as afasta das outras atividades são a falta de hábito e os ambientes educacional e familiar. Os vilões são os próprios pais, que não valorizam a leitura", diz.

Opinião parecida tem a psicóloga especializada em famílias Lidia Aratangy: "Pais leitores têm mais chances de ter filhos leitores simplesmente porque as crianças percebem que aquele objeto deve ser muito importante para prender a atenção de uma pessoa tão importante". Ela recomenda também que os pais assistam à TV juntos dos filhos, para transformá-los "de esponjas em filtros".

Segundo a psicóloga Ana Bock, "o ideal é que se gaste tempo vendo TV e também lendo. A leitura é ainda uma das ferramentas mais ricas que temos. Nela, é você quem faz o cenário, diferentemente do que ocorre com a TV".

De acordo com Bia Rosenberg, gerente de produção da TV Cultura, a pesquisa retrata um aspecto cultural: "Já é uma tradição a família brasileira assistir a muita televisão. Isso não significa que sejamos mais burros, mas que escolhemos o que é mais fácil".

Não é por acaso, portanto, que a MTV não tenha tido retorno de seu público-alvo (adolescentes e jovens) de uma vinheta que exibe há dois meses: "Desliga a TV e vai ler um livro". "Recebemos muitas felicitações de pais e professores", conta José Wilson, diretor de marketing do canal. Os adolescentes não se manifestaram.

Informação: Sulrádio/ Folha de São Paulo


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