A idéia, gerada no gabinete presidencial, está prestes a se concretizar. Semanas atrás, o presidente Lula convidou um pequeno grupo de petistas ao Planalto para falar sobre telecomunicações. Na pauta, a guerra entre Telecom Italia e Opportunity e os planos do mexicano Carlos Slim na Embratel. A conversa descambou para a Telebrás, antiga jóia da coroa, e a CUT sugeriu ressuscitar a estatal, transformando a empresa em gestora dos satélites de uso militar do Brasil. “É isso mesmo, gostei da idéia de potencializar a Telebrás”, respondeu Lula. “Isso é questão de segurança nacional.” O senador Aloizio Mercadante saiu em apoio; lembrou que essa é uma demanda antiga dos militares. “Estão dizendo que a Telebrás não existe mais”, argumentou. De lá para cá, o assunto tomou corpo no governo. A Telebrás, que tem 375 funcionários, R$ 140 milhões em caixa e ações na Bovespa – que subiram 150% desde que os rumores vazaram – irá renascer como operadora de satélites. Além do uso militar, pode competir com a Embratel na venda de serviços às empresas privadas.
O formato final da nova empresa depende de negociações com o governo da Rússia. Nesta semana, o primeiro-ministro russo Mikhail Fradkov recebe em Moscou o vice-presidente José Alencar para tratar de um acordo espacial – o Brasil busca tecnologia russa para construir um satélite de grande porte. O Brasil já tem tecnologia própria para construir um pequeno satélite. Hoje, o Brasil usa o sistema de comunicação norte-americano, o GPS, mas a partir de 2010, precisa de mais banda de satélite para incorporar o sistema da União Européia, o Galileu. Também precisa de mais banda para o projeto de inclusão digital e a proteção das 200 milhas marítimas. Nesse caso, precisaria colocar no ar dois satélites, um deles de reserva. “Todas as possibilidades ainda estão em estudo”, disse à DINHEIRO o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira. O BNDES já foi acionado para estudar o financiamento dos dois satélites. Também será preciso ampliar a Base de Alcântara.
O projeto total está orçado em US$ 600 milhões. Atualmente o governo usa uma banda exclusiva de dois satélites da Embratel, comprada em maio último pela Telmex de Carlos Slim. O temor dos militares é que a Embratel, hoje nas mãos de estrangeiros, não invista na expansão dos satélites. Um deles, o BrasilSat 1, vai morrer no início de 2006, quando terminar o combustível. O outro morre em 2007. A Embratel nega que esse risco exista. “Estamos investindo US$ 500 milhões na expansão do sistema”, disse o presidente da Embratel, Carlos Henrique Moreira. “O governo nunca pagou nada pelos nossos satélites, mas se quiser expandir o uso da banda, teremos apenas que negociar um valor”.
Informação: Sulrádio/ Isto É Dinheiro