A RBS busca hegemonia nacional na mídia

No confortável e bem localizado escritório, a pouco mais de 500 metros do Parque Ibirapuera, Eduardo Sirotsky Melzer comanda uma das mais estratégicas operações do Grupo RBS no País, a de Mercado Nacional, que tem por missão cuidar tanto da expansão territorial quanto financeira.

Poderio econômico e de influência, sobretudo sobre a Região Sul, são indiscutíveis na trajetória desse conglomerado de veículos multimídia, que hoje situa-se entre os três maiores do País. E estão aí nos números, como veremos abaixo, para confirmar isso.

A RBS, no entanto, tanto quanto ser uma empresa de porte, do pelotão de frente nas áreas em que atua, quer ser reconhecida e percebida no Brasil como tal. Quer mesclar ao seu forte sotaque gaúcho outros sotaques como o paulista (sobretudo o caipira, do Interior de São Paulo), o mineiro, o paranaense e até o brasiliense. Quer, enfim, ser uma empresa efetivamente nacional. E trabalha forte nesta direção.

Mesmo sem revelar detalhes ou nomes, até para não atrapalhar negócios já em andamento, Sirotsky diz que há conversas em andamento com vários veículos e que o aumento de títulos e emissoras no portfolio da RBS é apenas uma questão de tempo.

O Grupo quer e vai adquirir empresas no Interior de São Paulo, no Paraná, em Minas Gerais e em Brasília, mas negocia com cautela, buscando desestimular especulações e também as chamadas superavaliações, fenômeno comum quando se sabe de uma empresa com recursos querendo ampliar seu raio de atuação.

E tem lá suas razões para isso, até mesmo por ter passado recentemente por um intenso processo de reestruturação financeira e operacional. Foi uma reestruturação que incluiu o alongamento de uma dívida remanescente de US$ 125 milhões em bônus no Exterior e de mais um terço desse valor junto a quatro bancos no País (Bradesco, ABN, Banrisul e Unibanco), concluída entre março e agosto do ano passado. O acerto com os credores internacionais incluiu a amortização antecipada de US$ 10 milhões da dívida e o pagamento do restante em duas parcelas: uma de US$ 58,1 milhões no vencimento original em 2007 e outra de US$ 56,8 milhões, estendida para 2010. Também fizeram parte do pacote de reestruturação um aporte de capital pelos sócios controladores e a venda de parte das ações da Net Serviços detidas pelo grupo, conforme revelou matéria publicada pelo jornal Valor Econômico, em agosto último.

Reequilibrada e numa posição financeira mais confortável, a empresa preparou-se e criou condições para crescer. Tanto que em fevereiro do ano passado foi buscar o ex-ministro da Casa Civil do Governo FHC, Pedro Parente, para cuidar do desenvolvimento de todo o projeto, nomeando-o vice-presidente executivo.

Foi um passo importante na direção da profissionalização, mas não o único. A empresa contratou John Davis, da Harvard University, um dos mais importantes consultores norte-americanos, para assessorá-la nessa transição, de modo a preservar não só a família, mas o próprio negócio.

Com a terceira geração chegando à idade de postular cargos na organização, os Sirotsky decidiram fugir da armadilha de empregar parentes na empresa, pelos riscos que isso representava e pelos próprios exemplos de outras organizações familiares que, ao não resolverem a contento a questão, enfrentaram sérios problemas de gestão.

No entanto, se o sobrenome Sirotsky deixou de ser pistolão para se obter cargos na organização, isso em momento algum, em contrapartida, poderia ser um empecilho para impedir alguma contratação. O critério passou a ser o da qualificação profissional.

Esse o caso da chegada de Eduardo Sirotsky Melzer ao board do Grupo, a convite de um Parente (o Pedro), que nenhum parentesco tem com a família. Neto mais velho de Maurício Sirotsky Sobrinho, fundador do Grupo RBS, Eduardo, de apenas 32 anos, reunia experiência profissional e formação acadêmica oportunas para a missão desejada. Eduardo mantinha, já há três anos, uma bem sucedida carreira de executivo no Boxtop Media, em Nova York. Abriu mão disso tudo seduzido não só pela possibilidade de atuar numa empresa de porte da qual é um dos herdeiros, mas pelas condições oferecidas (inclusive de remuneração) e pelos desafios de contribuir para transformar a RBS numa empresa de porte e reconhecimento nacionais.

A opção por São Paulo foi estratégica, assim como estratégico foi nomear para o escritório paulista um diretor geral com assento no board da organização. O objetivo foi criar uma linha direta e permanente com o maior mercado do País. Atualmente, aliás, 25% da receita do Grupo tem origem foram do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e a meta é ampliar essa fatia, razão pela qual a RBS, nos seus planos de crescimento, optou por ter presença física e também mercadológica nessas praças, a partir da capital paulista. Em última instância, ela quer ir onde está grande parte do PIB brasileiro.

Quem se dá ao trabalho de analisar os números da Rede Brasil Sul fica impressionado. O grupo opera 18 estações de tevê, 24 estações de rádio e seis jornais diários, líderes nos respectivos segmentos nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Seu faturamento, em 2003, atingiu R$ 750 milhões (ou se preferirem números em dólar, algo ao redor de US$ 250 milhões), resultado 16,5% superior ao faturamento de 2002. Agora, em 2004, os números são ainda mais vigorosos e a receita bruta, que no primeiro semestre aumentou em 23% (em valores que superaram R$ 400 milhões), deve ficar muito próxima dos chamados sete dígitos: R$ 1 bilhão.

Não é só: a RBS detém, no conjunto, ou seja na soma dos seus seis títulos, a segunda maior circulação de jornais do Brasil, com mais de 400 mil exemplares-dia, ficando atrás apenas da Infoglobo (O Globo, Extra e Diário de S.Paulo), e à frente de bichos papões como o Grupo Folha (Folha de S.Paulo e Agora) e o Grupo Estado (Estadão e Jornal da Tarde); e tem a maior audiência individual de rádio do País, com a Farroupilha, emissora popular que mora no coração de grande parcela dos gaúchos.

Não deixa de ser curioso que num mercado ainda abalado pela longa crise, um grupo empresarial com fortes raízes no Sul saia do casulo para enfrentar de igual para igual os gigantes do Sudeste, de olho na liderança.

E não deixa de ser reconfortante saber que não é só de aventureiros e predadores que vive esse nosso sofrido, mas sempre atraente, mercado.

Informação: Sulrádio/ Comunique-se


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