Quem disse que a convergência é fácil? A operadora de telecomunicações Brasil Telecom informou ontem que planeja lançar, no primeiro trimestre de 2005, um serviço de vídeo sob demanda em que o cliente poderá ligar a linha telefônica direto na televisão, usando um conversor. Como era de se esperar, as empresas de TV a cabo, que têm compromissos de cobertura e canais que são obrigadas a carregar, não ficaram contentes. "Estou muito preocupado", afirmou, logo depois do anúncio, o diretor-presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), Alexandre Annenberg, acrescentando que buscava entrar em contato com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). "Não é aceitável. O vídeo sob demanda é a essência da TV por assinatura."
Para Serhan Ozmen, presidente do BrTurbo, empresa da Brasil Telecom, o fato de o serviço não ter uma grade de programação, e de adotar a tecnologia da internet, faz com que não seja TV paga. "Excluir o vídeo sob demanda seria decretar um limite para a internet", argumentou Ozmen. "Internet sem vídeo não é banda larga."
Não é essa a visão das empresas de TV paga. "De repente, podemos encontrar uma concorrência desequilibrada", afirmou Annenberg. "Ninguém é contra usar a infra-estrutura de telefonia para TV, mas não pode haver dois pesos e duas medidas. Se for assim, devolvemos as concessões de TV a cabo e atacamos só o filé mignon."
No dia 26, a Brasil Telecom lança o serviço Turbo Vídeo, para ser assistido no computador, em parceria com a Claxson. Estará disponível conteúdo de 13 canais. Entre eles, o Fox Sports e o Playboy TV. O cliente escolhe o programa e o assiste no momento em que quiser, e pode pagar uma assinatura mensal ou por vídeo, que fica disponível 2 ou 3 dias. O serviço está disponível para outros assinantes de banda larga, mas os clientes do BrTurbo têm desconto. A expectativa é conquistar 75 mil clientes, no serviço via PC, em 12 meses. Ainda não existe uma projeção de assinantes para o vídeo sob demanda na TV.
Informação: Sulrádio/ AESP