Ciclo de Debates Rede Minas 20 anos

Como captar recursos em uma emissora pública sem ferir a legislação e o código de ética vigentes? Este foi o principal foco de discussões da última edição do Ciclo de Debates Rede Minas 20 anos, realizada no dia 30 de novembro, no Teatro da Assembléia, com o tema “Financiamento da TV Pública, Educativa e Cultural”. Os participantes foram Cícero Feltrin, diretor de marketing da TV Cultura de São Paulo; Cláudio Bianchini, diretor de mídia impressa da Associação Mineira de Propaganda e diretor comercial da Band Minas e Ângela Carrato, presidente da Fundação TV Minas Cultural e Educativa/Rede Minas.

A jornalista Ângela Carrato abriu as apresentações informalmente, fazendo um balanço geral de todos os debates realizados, agradecendo a presença de todos os convidados e palestrantes e ressaltando a importância da participação da sociedade na formação de uma TV pública de qualidade para a população. “Tivemos grandes avanços na Rede Minas nesses 20 anos de existência, mas só não evoluímos na questão de financiamento. Temos hoje praticamente o mesmo orçamento de duas décadas atrás. A TV vem trabalhando em uma espécie de efeito sanfona. Durante todo esse tempo, a programação expandiu e encolheu ao sabor das conjunturas. No início de 2003, exibíamos sete horas diárias de programação própria e hoje pulamos para 15 horas. Mas o orçamento está três vezes menor do que há dois anos, ou seja, estamos fazendo milagre”, desabafa a presidente da Rede Minas.

Segundo Ângela, a Fundação TV Minas Cultural e Educativa/Rede Minas foi criada como uma fundação de direito privado, mas em 1994 mudou para direito público e as conseqüências estão sendo ‘sentidas’ agora. “Estamos engessados por uma legislação que não condiz com as necessidades e agilidade de uma emissora de televisão. Estamos no limite, mas a criatividade é nosso grande desafio”, explica.

Para driblar os problemas, Ângela antecipou algumas ações realizadas pela emissora como permutas e parcerias com empresas privadas, produção de programas de responsabilidade social (como o Economia & Negócios, em parceria com a Fiemg), alargar os horizontes na veiculação de comerciais que não denigram a imagem da TV e que estimulem valores positivos como paz e solidariedade. “Vamos também lançar o balanço social da Rede Minas ano que vem e vários produtos como um DVD dos Melhores Momentos Rede Minas 20 Anos e o CD do Célio Balona, o 1º com o selo da Rede Minas. Vamos também apoiar valores e talentos artísticos do estado que não têm espaço em outros meios de comunicação”, adianta.

Cláudio Bianchini fez um paralelo entre as TVs comerciais e as públicas, partindo do pressuposto que os recursos têm a mesma origem, mas são usados de formas diferentes. “Diversificação é a palavra-chave. Cada vez se vende menos publicidade e não podemos nos acomodar e demonstrar fragilidade em relação ao poder público e empresas privadas. A relação de ingerência está por trás dos problemas que devemos resolver”, ressalta.

Outro ponto a ser trabalhado é a busca por novos modelos de comercialização além da prestação de serviços e apoios culturais e institucionais. A captação comercial deve ser uma das fontes de uma emissora pública. “O Brasil tem uma cultura muito forte e arraigada de que a iniciativa privada remunera os sistemas de comunicação. As TVs públicas usam os mesmos formatos que as comerciais, tirando as devidas diferenças. Ou seja, está faltando criatividade, inovação. Os formatos podem ser revistos e analisados e novas formas de divulgação de marcas podem ser descobertas. As empresas poderiam, por exemplo, usar as emissoras públicas para divulgar seus programas e balanços sociais”.

Na visão do diretor comercial, pelas limitações, as TVs públicas devem mostrar mais inventividade para criar possibilidades éticas para ampliar seus espectros orçamentários. “As fontes de financiamento são as mesmas, mas as TVs comerciais também não evoluíram”, finaliza.

Cícero Feltrin deu uma verdadeira aula sobre a história da TV Cultura e suas ações na área de captação de recursos. “Temos de discutir antes de tudo, a gestão de uma emissora pública. Seria ideal não dependermos do mercado, do governo e da audiência, mas não funciona assim. Ou conseguimos novas formas de financiamento ou não sobreviveremos no mercado”, comenta o diretor de marketing.

Os desafios da TV Cultura e de todas as TVs públicas hoje são modernizar suas gestões através de um arranjo produtivo que traga mais eficiência; parar de repetir fórmula antigas (quebra de paradigmas) e busca de novas fontes de financiamento. “Temos nossos complicadores como adaptação às novas tecnologias, a conquista do mercado publicitário (admira mas não investe) e o governo, que não repassa verbas suficientes. Já começamos a buscar novas saídas e assumir posturas diferentes para superar as dificuldades”, enumera Feltrin.

Entre as inovações propostas pela TV Cultura estão a criação de uma incubadora de animação, voltada para desenvolvimento e distribuição de desenhos produzidos pelos artistas brasileiros; um projeto de cinema para televisão financiado por um fundo de investimento e uma redefinição de imagem da emissora, abandonando o caráter assistencialista e indo atrás de uma fatia justa do mercado publicitário.

“Queremos mostrar que a Cultura faz parte da indústria do entretenimento. Vamos lançar no dia 12 de dezembro o primeiro canal infantil brasileiro da TV por assinatura, a TV Ra Tim Bum. Depois lançaremos o TV DOC, que exibirá documentários audiovisuais brasileiros; a TV FM, com todos os gêneros musicais e o canal Saber Mais, com programas para qualificação dos indivíduos no mercado de trabalho. Não abandonamos nosso público, nem a TV aberta. Estamos apenas expandindo os horizontes e as formas de captação de recursos”, apresenta Feltrin.

O último debate teve a participação de representantes de emissoras do interior do estado que puderam tirar suas dúvidas com os palestrantes e esclarecer um pouco sobre o funcionamento e os problemas dos mercados fora das grandes capitais. O Ciclo de Debates – 20 anos da Rede Minas teve o apoio da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, do grupo de hotéis Parthenon, Palácio das Artes, Tim, Fiat e Rádio Inconfidência.

Na segunda-feira, 6 de dezembro, a Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais realiza uma solenidade especial em homenagem aos 20 anos da Fundação TV Minas Cultural e Educativa/Rede Minas, a partir das 20h, no Plenário Juscelino Kubitschek, por iniciativa dos deputados Carlos Pimenta e Paulo Piau. E na quarta-feira, dia 8 de dezembro (dia do aniversário da Rede Minas), às 15h30, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, celebra uma missa em Ação de Graças na Igreja de Lourdes em comemoração.

Informação: Sulrádio/ ABEPEC - Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais


Rádio AGERT

Estado anuncia investimento privado de R$ 24 bilhões, com geração de 12 mil empregos nas obras

O governador Eduardo Leite falou do protocolo de intenções com a empresa chilena CPMC para a instalação de uma nova planta industrial de produção de celulose na Barra do Ribeiro. Obras de construção do empreendimento deverão gerar 12 mil empregos. 

18 hospitais de referência vão suspender o atendimento eletivo aos segurados do IPE Saúde a partir do dia 6 de maio

O diretor geral da Santa Casa, Júlio Matos, informou que a suspensão vai impactar em mais de 25 mil pacientes que possuem procedimentos eletivos já agendados a partir do dia 6 de maio, como cirurgias, exames, consultas e prcedimentos.  

Vice-presidente do TRE-RS destaca datas importantes calendário da Justiça Eleitoral em maio

O vice-presidente do TRE-RS e Corregedor Eleitoral, desembargador Voltaire de Lima Moraes, participou do Seminário do SindiRádio-RS. Ele falou para a Rádio Agert sobre o evento e as datas relevantes do calendário eleitoral em maio.