Imprensa, ética e eleições

"Não basta que seja pura e justa a nossa causa. É necessário, antes de tudo, que a pureza e a justiça existam dentro de nós" - Agostinho Netto, em "Poemas de Angola"

Um grupo de acadêmicos, profissionais e estudantes da área de comunicação - jornalismo, relações públicas e publicidade e propaganda - vêm discutindo, em Curitiba, um tema da maior relevância: Mídia e Responsabilidade Social. Trata-se de um ciclo de palestras promovido pelo Instituto RPC em parceria com a Universidade Federal do Paraná. O objetivo do encontro é debater o "papel, a dimensão e a influência dos profissionais e veículos de comunicação na formação de valores e no desenho da sociedade do século XXI". A rigor, os temas ali debatidos não se coadunam apenas às questões ligadas a comunicação mas ao conjunto da sociedade, afinal a ética é uma condição que se impõe e permeia todo o tecido social. Talvez a diferença fundamental esteja não na importância desta ou daquela atividade, mas na primazia que cada uma representa ao meio social. Quem ousaria afirmar que a função do advogado é mais relevante que a do enfermeiro ou que o químico industrial não tem a mesma importância do bibliotecário?

Face ao momento - o intervalo entre os dois turnos das eleições municipais - discutir a ética política, dos candidatos e sua relação com os meios de comunicação não deixa de ser um tema, no mínimo, instigante. Até porque a mídia, em todas suas vertentes, passou a ter uma importância tão grande no processo eleitoral que é possível questionar se alguns resultados não seriam diretamente influenciados por ela. Basta certificar que as coligações partidárias não têm como objetivo primordial uma composição ideológica ou programática, mas garantir um tempo maior no horário eleitoral gratuito do rádio e da televisão. A população assiste o que se convencionou chamar de "espetacularização da mídia", onde em vez das propostas de interesse social o que vale é o show. Os custos de campanha atingem níveis estratosféricos; profissionais de criação e marketing são contratados a peso de ouro e os institutos de pesquisas se digladiam para testar os eleitores se acreditam nas virtudes deste ou daquele candidato.

Como não bastasse, a parcialidade de alguns órgãos de imprensa - jornais, emissoras de rádio e televisão, sites - distorcendo ou enaltecendo notícias sobre determinadas candidaturas, transforma a mídia num poder acima de suas funções precípuas que é o de informar a sociedade sem nenhum privilegio. Trata-se de uma postura inversa àquela adotada pela imprensa nos Estados Unidos, onde os meios de comunicação costumam declarar apoio a candidatos ou partidos sem omitir de seus leitores a posição assumida. É o que acaba de acontecer na disputa entre Bush e Kerry: 27 jornais, dentre eles o The New York Times, recomendam voto ao candidato democrata e 9 ao republicano Junior. Apesar do compromisso de não privilegiarem nenhum dos postulantes em termos de espaço na cobertura jornalística - o que convenhamos, é difícil acontecer - não deixa de ser ponto positivo usar a franqueza como instrumento de trabalho. No Brasil, durante a campanha presidencial de 2002, a revista CartaCapital foi o único veículo a assumir o apoio explicito ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

Sob a ótica da Responsabilidade Social a pergunta que fica no ar é: até que ponto a inexistência de parâmetros éticos nas questões públicas, com todas suas deficiências, rastros de corrupção e malversação do erário público, ou a força abusiva do poder econômico nas eleições à medida que deturpa a verdade, corrompe consciências, compra votos e perpetua dinastias, é culpa apenas dos políticos? Não estaríamos nós, empresários ou profissionais de comunicação, sendo coniventes de alguma forma com este simulacro eleitoral? Ou omissos quando relatamos os fatos sem buscar a verdade?

Ante esse quadro, a primazia e a importância da imprensa é inquestionável. Em circunstâncias semelhantes dois jornalistas americanos foram capazes de mobilizar a sociedade e os poderes constituídos nos EUA para ejetar um presidente da República da Casa Branca a partir de matérias publicadas no jornal Washington Post, enquanto aqui em Pindorama, uma série de entrevistas e denúncias nos órgãos de imprensa fez com que o então presidente Collor de Mello sofresse um processo de impeachment. No caso brasileiro, a história mostra que sem a atuação dos meios de comunicação e a mobilização da sociedade certamente Collor teria concluído seu mandato.

A ética em toda sua extensão é uma via de mão dupla. Não há corrupto sem corruptor, como não haverá responsabilidade social na mídia enquanto as práticas entre patrões e jornalistas não forem uníssonas. Aliás, o jornalista Eugenio Bucci em seu livro "Sobre ética e imprensa", lembra que "é bom não esquecer que a função de fiscalizar o poder está entre as razões que justificam a existência da imprensa. E fiscalizar o poder", reitera Bucci, "significa vigiar governantes e possíveis governantes, ou seja, vigiar os partidos e os políticos, sejam eles da situação ou oposição". Bem que a frase do médico, poeta e ex-presidente angolano, Agostinho Netto, poderia ser exposta nas paredes de todas as redações verde-amarela.
René Ruschel (*)
(*) Jornalista

Informação: Sulrádio/ Comunique-se

Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se coloca a favor do Conselho de Jornalismo

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fixou ontem posição favorável à criação do Conselho Federal de Jornalismo (CFJ). Por 22 votos a favor e dois contra, o Conselho Federal da OAB decidiu institucionalizar o seu apoio à proposta. A entidade anunciou que pretende enviar "contribuições" para aperfeiçoar o projeto. De acordo com a instituição, a estrutura do conselho deverá ser independente e não poderá ser vinculada ao poder público.

Informação: Sulrádio/ Correio do Povo

Sky e DirecTV vão manter plataformas separadas

A Sky e a DirecTV informaram ontem ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), do Ministério da Justiça, que não pretendem unir as suas plataformas operacionais até obter a autorização do órgão antitruste e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

As empresas assinaram, há duas semanas, um contrato de fusão e dependem da aprovação dos órgãos regulatórios para implementá-la na prática. O problema é que o Cade determinou, em abril deste ano, o funcionamento em separado da Sky e da DirecTV. O órgão antitruste fechou um acordo com as controladoras dessas empresas (a News Corp e a Hughes Eletronics) prevendo a separação até a aprovação final do negócio entre as companhias.

Em reunião realizada ontem, na sede do órgão antitruste em Brasília, representantes das empresas disseram aos conselheiros que não pretendem descumprir o acordo.

"As empresas pretendem aguardar a revisão do caso pelas autoridades antes de implementar qualquer plano", disse a advogada Cristianne Saccab Zarzur, do escritório Pinheiro Neto. "Informamos ao Cade que os planos das empresas estão sujeitos à aprovação futura", completou a advogada.

O maior temor do Cade é com a possibilidade de as empresas iniciarem um processo de transferências da carteira de assinantes de uma operadora de TV por assinatura para outra. Essa hipótese estava vetada pelo acordo assinado em abril passado e, se confirmada, levaria as empresas a pagarem multas diárias de R$ 150 mil.

A Lei de Defesa da Concorrência (nº 8.884) não obriga as empresas a aguardar pela aprovação do Cade para avançar com processos de fusão. Mas, a Sky e a DirecTV se comprometeram a aguardar o sinal verde do órgão antitruste, já que suas controladoras assinaram o acordo.

A Sky e a DirecTV deverão protocolar os termos da fusão até 29 de outubro. A Associação Neo TV já anunciou que fará oposição à união das empresas. A Neo TV representa 51 companhias de TV por assinatura localizadas em 319 cidades brasileiras. São 700 mil assinantes no total.

A Sky e a DirecTV possuem 95% do setor de TV via satélite (sistema DTH), onde só concorrem com a Tec Sat. Juntas, as duas empresas têm 32% de participação no mercado de TV paga, no qual disputam com as associadas da Neo TV.

Informação: Sulrádio/ AESP

Jornalistas querem investigação e justiça

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) vem a público manifestar seu veemente repúdio à resposta do Centro de Comunicação Social do Exército a respeito da série de reportagens “Arquivos da Repressão”, publicada no Correio Braziliense, no último domingo, 17 de outubro. A matéria destaca fotos inéditas, mostrando como o jornalista Vladimir Herzog foi humilhado, pouco antes de ser assassinado nos porões da ditadura, em 25 de outubro de 1975, há 29 anos.
É no mínimo leviana a posição do Exército ao afirmar que não há documentos históricos, comprovando as torturas, mortes e desaparecimentos. Como também pode ser considerada uma provocação declarar que “as medidas tomadas pelas Forças Legais foram uma legítima resposta à violência dos que recusaram o diálogo...”
Além de protestar contra esse tipo de manifestação que legitima a tortura e o assassinato de cidadãos por órgãos do aparato de Estado e admite a censura e o cerceamento às liberdades democráticas, a FENAJ exige que o Governo, numa demonstração de maturidade institucional e respeito aos direitos humanos, promova uma ampla investigação sobre as condições de morte ou desaparecimento dos seguintes jornalistas brasileiros:
Joaquim Câmara Ferreira - Morto em 1970
Edmur Péricles Camargo - Desaparecido em 1974
Hiran de Lima Pereira - Desaparecido em 1975
Jayme Amorim Miranda - Desaparecido em 1975
Luís Inácio Maranhão Filho - Desaparecido em 1974
Luiz Guilhardini - Morto em 1973
Mário Alves de Souza Vieira - Desaparecido em 1970
Ruy Osvaldo Aguiar Pftzenreuter - Morto em 1972
Norberto Armando Hageber - Desaparecido em 1978
Orlando da Silva Rosa Bonfim Júnior - Desaparecido em 1978
Luiz Eduardo da Rocha Merlino - Morto em 1971
Wladimir Herzog - Morto em 1975
Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar - Morto em 1976
David Capistrano da Costa - Desaparecido em 1974
José Toledo de Oliveira - Desaparecido em 1972
Thomaz Antonio da Silva Meirelles Neto - Desaparecido em 1974

Brasília, 19 de outubro de 2004.
Diretoria da FENAJ

Informação: FENAJ

Televisão Digital

A TV analógica possui uma resolução de aproximadamente 125 mil elementos de imagem por quadro. O seu formato é de 4:3, ou seja, a relação de tela é de quatro unidades de comprimento na horizontal por três na vertical. Usa 525 linhas por quadro e são transmitidos 30 fps (quadros por segundo). Feita a digitalização dos sinais obtém-se uma taxa de 216Mb/s.

A TV digital (TVD) tem o formato de tela e a resolução de imagem é associada a resolução espacial (definida pelo número de pixels) e a resolução temporal (quantidade de quadros/segundo). Assim, a imagem pode ser de duas categorias:

• HDTV (televisão de alta definição): utiliza um formato de tela igual ao das telas de cinema, widescreen (formato de 16:9). O sistema possui 1.125 linhas por quadro. Para transmissão de 30 fps, a taxa é de 1,24Mb/s, ou seja, uma resolução cinco vezes superior a da TV analógica.

• SDTV (televisão padrão): - é um sistema de 525 linhas/quadro, com varre-dura intercalada de 30 fps. O sistema SDTV possui 483 linhas ativas por quadro, resultando em uma taxa de 248Mb/s, próxima à da TV analógica 4:3, mas com resolução de imagem bem superior.

Observa-se que a taxa de bits correspondente a um programa em HDTV equivale a quatro em SDTV e isso no atual canal de 6MHz. Ao contrário do que muitos pensam a televisão digital não é sinônimo de TV de alta definição. A HDTV/SDTV é apenas um dos avanços possibilitados pelas mídias digitais. Além disso, a tecnologia digital permite integrar diversos aparelhos e criar novas aplicações, com a convergência entre tecnologias. Logo será possível receber notícias, informações ou programas de TV em telefones celulares ou palmtops. Esta tecnologia possibilitará a interatividade, multi-plicidade de programas e acesso a informações adicionais sobre a imensa programação da TVD.

Classes de interatividade

Muito se discute sobre a TV digital e seu uso como solução para a inclusão digital. Porém, poucos textos têm tratado do assunto "interati-vidade" como um dos caminhos para essa inclusão.

Quando se fala de interatividade se tem em mente cinco classes dife-rentes de TVD, que indicam o quanto o telespectador está interagindo com programação:

• Tipo 1: Interação forte com transmissão bidirecional simétrica, como nas redes RDSI (Rede Digital de Serviços Integrados) ou na HFC (Híbrida fibra-coaxial), que oferecem altas taxas tanto no upstream como no downstream.

• Tipo 2: Interação forte com transmissão bidirecional assimétrica e retorno solicitado pelo usuário (como nas redes com tecnologias TDMA e CDMA). Essa interação faz o compartilhamento do canal de retorno entre os usuários usando preferencialmente CDMA ou TDMA.

• Tipo 3: Interação média com transmissão bidirecional assimétrica e retorno solicitado pelo provedor. Nessa interação, o usuário apenas pode escolher entre algumas opções propostas pela emissora.

• Tipo 4: Interação fraca com transmissão bidirecional assimétrica e retomo of-line, sem possibilidade de mudança na programação.

• Tipo 5: Interação sem canal de retorno com transmissão unidirecional, sendo o STB (set top box) apenas um servidor de aplicações. Não há interação, pois o sinal transmitido traz opções incorporadas que são armazenadas na memória da caixa digital. O telespectador somente escolhe as opções que o aparelho oferece.

Destas classes, apenas a 1, 2 e 3 são interativas, uma vez que possibilitam a resposta do usuário a um determinado apelo, ou sua intervenção no conteúdo exibido. Sendo mais excludente e focando na interatividade necessária à inclusão digital como acesso á Internet e videoconferência, então só as classes 1 e 2 são interativas.

Se hoje a TV aberta utiliza meios como o telefone, a Internet e o fax para que o telespectador participe de sua programação, com a TVD a convergência dessas mídias passará a concretizar o diálogo, através de dados recebidos e armazenados nos set top boxes. E, acima de tudo, por um canal de retorno que possibilita a interatividade real.

O cabo e o espaço livre (satélite e enlaces terrestres de microondas) estão entre as formas usuais de se transmitir a TVD. A linha telefônica conven-cional também é utilizada, mas no Brasil essa modalidade não está plenamente aproveitada, limitando-se a ser canal de retorno para a TV aberta e talvez a melhor alternativa para prover interatividade aos usuários da TVD terrestre.

Set top box:

O conceito de "caixa digital" ou unidade receptora decodificadora (URD) ou simplesmente set top box (STB) nasceu como uma plataforma para aplicações multimídia de redes de serviços digitais interativos.

Os STB são constituídos por hardware e software e responsáveis pela recepção em HDTV e SDTV, permitindo que aparelhos analógicos recebam imagens digitais. A caixa digital é formada por:

• Placa mãe: responsável por receber todas as informações referentes ao sinal digital e compartilhá-la com os demais componentes.

• Sintonizador é o receptor em si, capaz de receber os diferentes sinais das redes digitais baseadas nas modulações (QAM, COFDM, QPSK, 8-VSB).

• Decodificadores: convertem os bits recebidos em formato de áudio, vídeo e dados. Temos decodificadores de vídeo, decodificadores de áudio e interpretadores de dados. Após a decodificação, os dados são enviados para a CPU.

• CPU: é responsável pela inicialização do sistema, processamento de aplicações da Internet e TV interativa, administração de IRQ do hardware, retirada de dados e interrupção de memória.

• Armazenamento: pode ser feito desde uma simples memória volátil do tipo flash, até HD com alta capacidade de gravação. É através dessas interfaces que se tem uma das características do STB, o PVR (personal video recorder), que é a propriedade de se armazena a programação das emissoras no HD do STB, possibilitando ainda rebobinar ou adiantar o programa de TV gravado.

• Interfaces para periféricos adicionais (como IEEE 1284; USB; IEEE 1398; 10BaseT; PCMCIA tipo 11 e interface serial RS-232).

• Sistema operacional: é preciso um sistema robusto e multitarefa, capaz de processar dados e validar mensagens de segurança (exemplo: Linux, Java e Windows CE).

Interatividade

A interatividade na TVD está ligada à forma como os dados são tratados pelo STB e como são interpretados pelas diversas interfaces de processamento.

Os serviços interativos da TVD necessitam de um canal de retorno para o usuário, como e-commerce, jogos, e-mail e Internet.

Conteúdos multimídia, apesar de não necessitarem de canal de retorno, também podem se beneficiar dele. São os serviços do tipo:

Guia eletrônico de programação (EPG)

São os que auxiliam os usuários dos STB a navegar pela enorme quan- tidade de canais e serviços que da TVD. São divididos em:

• Básicos: informam ao usuário a programação que está passando, qual virá a seguir e um resumo da programação semanal.

• Intermediários: contêm diversos menus de informações sobre a programação em curso. Podem ser configurados para atender melhor às necessidades do usuário. Existem ainda os mosaicos, uma tela na qual são apresentados os logotipos dos vários canais ou imagens on air dos canais transmitidos. A seleção de um desses logotipos no mosaico leva a um atalho para o respectivo canal.

• Avançados: são verdadeiros portais de serviços digitais interativos, permitindo compras on-line, jogos e vídeo por demanda, além dos serviços de configuração e informação dos programas em curso.

Enhanced TV

A Enhanced TV contém características associadas aos sinais de transmis-são dos canais (programas), como consultas as estatísticas de um jogo, replay de melhores momentos, escolha de finais diferentes em programas com a participação do público, vários ângulos de uma transmissão de jogo ou eventos (multicâmeras) e outras facilidades. As informações serão fornecidas pelo programador e um ícone aparecerá na tela quando o evento permitir o acesso a esses dados.

Vídeo por demanda (VOD)

Fornece acesso instantâneo de filmes como se fosse uma videolocadora atendendo em casa. O usuário/assinante solicitará a transmissão de um filme (de uma lista disponível) para a data e horário de sua conveniência. Poderá ter o controle total, ou seja, avançar, voltar ou parar a exibição do programa.

IPPV - Impulse Pay-Per-View

É a compra de programas e/ou eventos, como shows, filmes, jogos, etc., feita através do controle remoto nos pacotes de áudio, vídeo e dados que trafegam no sinal da operadora.

* Resumo do artigo de Tom Jones Moreira de Assis “As Promessas da TV Digital”, na revista RTI, de set/04, pág. 76 a 81

Informação: Sulrádio/ Quadrante- RTE 37

Serviço da BrT preocupa TV paga

Quem disse que a convergência é fácil? A operadora de telecomunicações Brasil Telecom informou ontem que planeja lançar, no primeiro trimestre de 2005, um serviço de vídeo sob demanda em que o cliente poderá ligar a linha telefônica direto na televisão, usando um conversor. Como era de se esperar, as empresas de TV a cabo, que têm compromissos de cobertura e canais que são obrigadas a carregar, não ficaram contentes. "Estou muito preocupado", afirmou, logo depois do anúncio, o diretor-presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), Alexandre Annenberg, acrescentando que buscava entrar em contato com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). "Não é aceitável. O vídeo sob demanda é a essência da TV por assinatura."

Para Serhan Ozmen, presidente do BrTurbo, empresa da Brasil Telecom, o fato de o serviço não ter uma grade de programação, e de adotar a tecnologia da internet, faz com que não seja TV paga. "Excluir o vídeo sob demanda seria decretar um limite para a internet", argumentou Ozmen. "Internet sem vídeo não é banda larga."

Não é essa a visão das empresas de TV paga. "De repente, podemos encontrar uma concorrência desequilibrada", afirmou Annenberg. "Ninguém é contra usar a infra-estrutura de telefonia para TV, mas não pode haver dois pesos e duas medidas. Se for assim, devolvemos as concessões de TV a cabo e atacamos só o filé mignon."

No dia 26, a Brasil Telecom lança o serviço Turbo Vídeo, para ser assistido no computador, em parceria com a Claxson. Estará disponível conteúdo de 13 canais. Entre eles, o Fox Sports e o Playboy TV. O cliente escolhe o programa e o assiste no momento em que quiser, e pode pagar uma assinatura mensal ou por vídeo, que fica disponível 2 ou 3 dias. O serviço está disponível para outros assinantes de banda larga, mas os clientes do BrTurbo têm desconto. A expectativa é conquistar 75 mil clientes, no serviço via PC, em 12 meses. Ainda não existe uma projeção de assinantes para o vídeo sob demanda na TV.

Informação: Sulrádio/ AESP

Aprovada MP sobre dispositivo de controle para TVs

Os deputados aprovaram, na sessão extraordinária de hoje, a Medida Provisória 195/04, que fixa novo prazo para que os aparelhos de televisão comercializados no mercado interno contenham dispositivo eletrônico que permita ao usuário bloquear previamente a recepção de programas. A data será estipulada em regulamento do Executivo e não poderá ser posterior a 31 de outubro de 2006.

A proposta revoga a Lei 10359/01, incorporando seus dispositivos com redação adaptada à terminologia usada na legislação de radiodifusão. O Governo poderá prever medidas de estímulo à produção de aparelhos de menor preço com o dispositivo. Se ocorrer comercialização sem o bloqueador, o infrator estará sujeito a multa de 30% do valor do aparelho de televisão.

O deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ) relatou a MP e acatou cinco das dez emendas, introduzindo modificações que determinam ao Poder Executivo prever medidas de estímulo à produção de aparelhos de TV de menor preço que atendam às exigências de bloqueio. O relator aceitou ainda emenda que pede a exposição das razões que motivaram a classificação indicativa do programa para certa faixa etária.

Multa
Todas as empresas transmissoras ou retransmissoras de sinais de sons e imagens, operadoras do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD) deverão transmitir, juntamente com os respectivos programas, código ou sinal reconhecível pelo aparelho digital de modo a permitir o bloqueio. A infração a essa determinação implicará multa de R$10 mil a R$100 mil por programa, na forma do regulamento.

Essas mesmas empresas terão de divulgar previamente suas programações, indicando de forma clara os horários e canais de exibição dos programas com restrição etária. A multa para o descumprimento será de R$10 mil por dia de programação não divulgado.

O texto aprovado na Câmara agora será analisado pelo Senado.

Informação: Sulrádio/ Agência Câmara

Para pensar sobre o jornal nacional:A forma também é o conteúdo?

Recentemente participei de um debate sobre o Jornal Nacional na UNITV, o canal universitário de Porto Alegre. Ao ver o programa em casa, me espantei com uma frase minha: - Eu sou fã do Jornal Nacional! Do espanto, passei para a reflexão e, de fato, constatei que gosto mesmo do JN. É claro que não esqueço que o telejornal do dito horário nobre da Rede Globo preferiu o silêncio durante os anos de chumbo, camuflou as Diretas Já e fez uma edição questionável para o debate Collor-Lula. Também não é possível apagar que o programa foi criado para atender interesses mercadológicos e políticos em um momento em que ser “nacional” era dizer sim aos generais. Contudo, a crítica tornou-se fácil e repetitiva. E, muitas vezes, a munição para os ataques veio da própria Vênus Platinada. Na década de 70, o então todo-poderoso Boni chegou a dizer que quem esperava conteúdo, podia desistir, pois este não apareceria tão cedo. Sei que muitos, como eu, ainda estão à espera do tal conteúdo. Mas será que não estaríamos presos a velhos conceitos? Elogiamos a forma do Jornal Nacional: a estética do programa é indiscutível. Mas quando o tema é conteúdo não faltam acusações, como se fosse possível fazer a síntese de um dia no Brasil em 40 minutos. O sociólogo francês Michel Maffesoli, em O Fundo das Aparências, já chama a atenção para que a forma é também o conteúdo. E não será este o caminho para tentarmos ver o JN com menos rancor? Ás vezes, penso que estou procurando argumentos para defender o telejornal. Esta discussão – conteúdo versus forma - renderia muitas laudas. Independente deste ponto, é preciso reconhecer, porém, que o programa, como produto da categoria telejornal, é o que se produziu de melhor na TV brasileira. E talvez este seja o grande problema do Jornal Nacional. O JN precisa ser todos dias o JN. As reportagens sempre seguem a mesma estrutura: de um personagem busca-se mostrar o todo. É a velha regra – do particular ao universal-, que se funciona tão bem na literatura, no telejornalismo parece que já está se esgotando. Contudo, não vejo, nem na Universidade nem no mercado, quem aponte para o novo quando o assunto é notícia na TV. Ao olharmos para as emissoras concorrentes da Globo, também fica fácil entender o sucesso do JN. Já tivemos experiências interessantes – quem não lembra do TJ Brasil do SBT com Boris Casoy? – mas todas, sem exceção, pelos mais diversos motivos, acabaram saindo do ar.

Outro segredo do JN pode ser descoberto em uma folheada rápida no livro Jornal Nacional – a notícia faz história, lançado para comemorar os 35 anos do programa. Veja bem: eu disse uma folheada rápida, ou seja, o conteúdo fica de lado. É uma obra sem autor, que parece um catálogo publicitário e que peca pelo culto a vaidade: é o objeto falando do objeto. Nenhuma surpresa: assim é o JN!

Preocupação de Roquete Pinto era com Educação

"Roquete Pinto era um humanista que tinha grande preocupação com o homem brasileiro. A homenagem é para todos os que pensam o Brasil, pensam seu povo e na democratização da informação". A afirmação é da professora Carmem Lúcia Roquete Pinto, especialista em tecnologia ambiental, no Conselho de Comunicação Social, por ocasião da homenagem ao 50º aniversário da morte de um dos patronos da radiodifusão brasileira, Edgar Roquete Pinto, seu pai.

O rádio e a Educação
A professora disse que o que levou Roquete Pinto ao rádio foi o fato de querer levar cultura a todas as camadas da população. "O rádio continua tendo uma importância fundamental em um país onde existem 12 milhões de brasileiros sem energia elétrica", ressaltou. Segundo ela, em alguns locais o rádio ainda tem papel importante para levar informações. "O rádio é o jornal de quem não sabe ler e o mestre de quem não pode ir à escola", afirmou.

Informação: Sulrádio/ Agência Câmara

News terá restrições para cabo, Internet e broadcast no Brasil

Em relação às aprovações regulatórias necessárias para a conclusão da fusão entre Sky e DirecTV no Brasil, os acordos celebrados entre News, Globo e DirecTV, conforme registros nos EUA, prevêem que todas as partes deverão empreender todos os esforços necessários para que as aprovações sejam conseguidas junto ao Cade e Anatel. As empresas definirão,
futuramente, uma das partes, que cuidará da interlocução com o governo.

Sobre a aprovação regulatória, os documentos estabelecem que nenhuma das
partes é obrigada a aceitar imposições específicas sobre seus respectivos
negócios para obter a aprovação das autoridades. Caso as restrições sejam
impostas às operações da DirecTV ou da Sky, a Globo, de boa fé, deverá analisar a restrição e, caso entenda que essas condições não afetam seus negócios e não afetam suas posições defendidas junto ao governo, então DirecTV e Sky poderão negociar diretamente sobre esses pontos com as autoridades.

Competição

Pelos documentos entregues à Securities and Exchange Comission (SEC), News, DirecTV e suas afiliadas não poderão controlar direta ou indiretamente sistemas de distribuição de conteúdo em cabo, Internet, DTH (exceto Sky Brasil) e broadcast no Brasil. No caso de Internet, a News goza de uma exceção: pode participar de portais que eventualmente serão do
Brasil mas que não podem ser focados no mercado brasileiro. Por exemplo, o
Foxnews.com.

Outras restrições interessantes estabelecidas por escrito dizem respeito a
uma eventual entrada da News no mercado de TV a cabo. A Sky, a News e suas
respectivas afiliadas podem comprar participação indireta em empresa de cabo no Brasil desde que saiam em dois anos do controle dessas empresas ou desde que a Globo e suas afiliadas não tenham mais controle, participação ou gestão em participações em empresas de TV a cabo.

Outra condição para que a News possa entrar em TV a cabo é que a operação seja afiliada da Net Brasil. A Globo, por sua vez, não pode entrar no negócio de DTH por outra
empresa que não seja a Sky.

Satélites

A News e a DirecTV devem fazer a Sky, após a fusão, entrar em um novo acordo amplo de uso de trasnponders de satélites. O acordo não pode exigir garantias financeiras por parte da Globo, que assegurou também o uso dessa
plataforma de satélites para a distribuição de seu conteúdo para headendes de cabo ou outras redes, mediante pagamento à Sky. A NDS, da News, permanece como a fornecedora de tecnologia de codificação da plataforma após a fusão, nas mesmas condições em condições oferecidas a outras
afiliadas News.

Informação: Tela Viva News